ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 16.08.1988.

 


Aos dezesseis dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Sétima Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao ex-Deputado Moab Caldas, concedido através do Projeto de Lei do Legislativo n° 111/87 (proc. nº 2446/87). Às dezessete horas e vinte e seis minutos, constatada a existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Luiz Braz, 2° Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, exercendo a Presidência dos trabalhos; Dr. Geraldo Gama, Secretário do Governo Municipal, representando, neste ato, o Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal; Dr. Pedro Manoel Ramos, representando, neste ato, o Dr. Luiz Carlos Costa, Grão-Mestre da Grande Loja do Rio Grande do Sul; Gen. João Francisco Sattamini; Com. Natal Válmi Venturela; Cap. Olmenir Marques de Andrade; Dr. Waldemar Vargas Coelho, Vice-Presidente do Hospital Espírita; ex-Dep. Moab Caldas, Homenageado; Srª. Neli Caldas, Esposa do Homenageado; Ver. Cleom Guatimozim, proponente da Sessão e, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Cleom Guatimozim, em nome das Bancadas do PDT, PDS, PL e PCB, discorreu sobre a importância do título de Cidadão de Porto Alegre, dizendo que o mesmo é conferido aos que muito fizeram por nossa sociedade. Comentou a orientação espiritual e o exemplo de vida sempre entregues pelo Homenageado, salientando a justeza do título hoje conferido pela Casa. E o Ver. Frederico Barbosa, em nome da Bancada do PFL, congratulou-se com o Ver. Cleom Guatimozim pela proposição da presente Sessão Solene, falando da unanimidade com que a mesma foi acolhida pelos Vereadores da Casa, em face do significado do Sr. Moab Caldas para nossa comunidade. A seguir, o Sr. Presidente convidou o Dr. Geraldo Gama e o Ver. Cleom Guatimozim a procederem a entrega, respectivamente, do Título e da Medalha de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Moab Caldas e concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o título recebido. Em prosseguimento, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezoito horas e vinte e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanha, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Luiz Braz e secretariados pelo Ver. Cleom Guatimozim, Secretário "ad hoc". Do que eu, Cleom Guatimozim, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene.

Queremos cumprimentar a todos que se encontram presentes nesta tarde tão festiva e dizer que todos nos sentimos muito felizes em poder dar este título tão merecido a esta figura tão destacada da sociedade do Rio Grande do Sul, que é Moab Caldas.

Vamos convidar, para compor a Mesa Diretora dos trabalhos nesta tarde, o Dr. Geraldo Gama, Secretário do Governo Municipal, representando, neste ato, o Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal; ex-Dep. Moab Caldas, Homenageado; Sr.ª Neli Caldas, esposa do Homenageado; Dr. Pedro Manoel Ramos, representando, neste ato, o Dr. Luiz Carlos Costa, Grão-Mestre da Grande Loja do RGS; Gal. João Francisco Sattamini; Comandante Natal Valmi Venturela; Capitão Olmenir Marques de Andrade; Sr. Waldemar Vargas Coelho, Vice-Presidente do Hospital Espírita.

Com a Mesa composta, vamos dar início às homenagens no dia de hoje, informando que este Plenário estará hoje representado pelas Bancadas do PDT, do PDS, do PL, do PCB, do PMDB, do PFL, Bancadas que estarão falando em homenagem ao nosso amigo ex-Dep. Moab Caldas.

Concedemos a palavra ao Ver. Cleom Guatimozim, autor da proposição, e que falará em nome das Bancadas do PDT, PDS, PL e PCB.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: (Menciona os componentes da Mesa.) Sra. Neli Caldas, esposa do Homenageado; Ver. Nereu D’Avila e Ver. Wilton Araújo. Inicialmente, devo dizer que combinamos, eu e o Ver. Frederico Barbosa, que vai ocupar a tribuna em nome do PFL, combinamos que seríamos breves na tribuna para dar oportunidade que o Homenageado, aquele que é o astro merecido deste ato, pudesse se manifestar.

Gostaria de dizer que considero o título de Cidadão de Porto Alegre de grande importância e de grande responsabilidade. A prova disto é que, em mais de um quarto de século que ocupo o cargo de Vereador nesta Casa, há quase 26 anos, esta é a 2ª vez que apresento um projeto dando o título de Cidadão de Porto Alegre a alguém, porque sempre entendi que a responsabilidade que temos aqui nesta Casa, de representar o povo e oferecer a alguém em nome do povo, o título, há uma necessidade de grande importância: que a pessoa mereça este título. Por isso, sempre tive o máximo cuidado. Este é o segundo título que apresento.

Entendo que é indeclinável o dever de honrar aqueles que, pelos seus atos e suas atitudes, se tornaram merecedores da estima de seus semelhantes, da admiração da população de um Estado, de uma Cidade ou de um País. Moab Cladas é um exemplo vivo, um homem que veio de longe, que veio da zona do norte, como nós aqui costumamos chamar todos os que moram do Rio de Janeiro para cima. Veio aqui, ganhou a estima, a admiração dos porto-alegrenses, do nosso Estado, é conhecido no País todo e no exterior e admirado. Tem um crédito nesta Cidade. A Câmara Municipal de Porto Alegre, por unanimidade, conferiu-lhe o Título, do qual nós somos apenas proponente.

Gostaria de dizer ao nosso homenageado que recebi um telefonema do Ver. Jorge Goularte, Líder do PL, que está acamado, não podendo comparecer, pediu que nós falássemos em nome dele e que a sua ausência é por motivo de doença.

Nós entendemos que este Título deve ser conferido àqueles que tudo fizeram pela sociedade. O caso do nosso Homenageado, Moab Caldas, ele é um membro de destaque da nossa sociedade, com grande responsabilidade dos seus atos, a orientação pública dos seus atos privados, que é uma grande responsabilidade, e a orientação espiritual que ele sempre deu verbalmente e através de escritos nas próprias colunas dos jornais. Há bem pouco tempo, eu lia, de autoria do Moab Caldas, o "Axé da Abolição". Uma maravilha de artigo, publicado pelo Jornal Zero Hora.

Esta homenagem vai servir para testemunhar a gratidão do povo de Porto Alegre para com um homem que veio das zonas do norte para cá e nos roubou a estima, a amizade, e, quantos de nós, o coração está com ele.

Homens como Moab Caldas são como marcos à beira de uma estrada, à estrada da vida, que permanecem como valores da sociedade, desafiando o tempo e os preconceitos. Entendemos que honrar estes exemplos é uma obrigação nossa e temos a obrigação de imitá-los, até mesmo como um dever. A sociedade reconhece que o cidadão, que convive no seu seio, se destaca, que não brilha apenas por fora, como uma casca, como ocorre em muitos casos, mas que dá de si. Recebeu também, em outras oportunidades, já o nosso carinho, quando o povo desta terra o elegeu Deputado. Injustamente cassado, violentamente cassado, o mandato aquele que o povo lhe conferiu. Mas a cassação do mandato do Deputado Moab Caldas não lhe tirou o estímulo. Ele continuou sendo o Moab Caldas, aquele que aprendemos a admirar como Deputado e que continuou praticando os mesmos atos: lutando pelos mesmos ideais e isso que o caracteriza e o habilita para aquilo que a Câmara Municipal, votando por unanimidade, faz hoje, o reconhece como um cidadão desta terra. É um carinho! É um carinho! Dizia um Vereador nesta Casa que esta terra, o Rio Grande, é uma terra santa. E eu acredito que é uma terra santa, Moab, que te recebeu de braços abertos e que prova agora com as pessoas que aqui estão. Nesta terra, Moab, até a semente que se atira ao acaso, ela germina, dá frutos, ela cresce, os seus galhos passam a abanar ao vento, até formando aquele coro que apóia o canto do vento minuano nesta terra. Aquele vento minuano que sopra nas coxilhas, na porta do galpão do gaúcho que chimarreia, na janela da chinoca bonita, Moab, que dorme em bata de renda, num colchão de palha. Canta, como se fosse um novo Romeu, canções maravilhosas que o gaúcho colocou no seu cancioneiro e que canta do norte ao sul deste País. É o carinho desta terra santa que te recebe e que te presta esta homenagem. Existem lugares, até não muito longe, onde não há isso. Existem lugares, onde a água invade a terra, destrói a civilização, onde o sol derrama o prazer de suas fornalhas na terra, tornando estéril e não dando oportunidade a que o homem possa sequer viver com carinho, quanto mais receber o seu irmão que veio de longe, com carinho, a nos auxiliar até, como no caso do Moab Caldas, a nos orientar e que nós aqui recebemos com carinho. Já nos primórdios desta terra, nos primórdios do Rio Grande, quando surgiram as primeiras tropas, surgiu junto um tipo étnico chamado gaúcho, que viajava sem cercas, a céu aberto, sendo recebido nos galpões com carinho e com amizade - e dando, também, carinho e amizade - enfrentando as intempéries, corajoso, irmão! Esta tradição do viajar a céu aberto, sem cercas, é que deu ao gaúcho este espírito de liberdade que o gaúcho tem, e que, talvez, seja até o mais apurado que há no território brasileiro. E aquele carinho que ele dava e recebia nos galpões, quando chegava para chimarrear, para churrasquear, e que chegaram até nós, através da tradição e através dos nossos antepassados. E é com este carinho e com este coração do gaúcho, que vem dos primórdios desta terra, é que nós o recebemos aqui, nesta Casa, como Cidadão Porto-alegrense. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Frederico Barbosa, que falará em nome do PFL.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: (Menciona os componentes da Mesa.) Prezadíssima Neli Caldas, esposa do nosso Homenageado; prezados familiares do Moab Caldas; amigos e amigas do nosso Homenageado. Chegando 10 minutos antes do início desta Sessão, e contando com o eventual atraso para poder, ainda, chegar no início. Me dirigi ao Vice-Presidente desta Casa, meu companheiro de Bancada e amigo, Ver. Artur Zanella, reivindicando uma oportunidade muito rápida, simples, singela e objetiva de participar desta homenagem. E o Moab sabe e eu, certamente, de coração aberto, direi o porquê desta reivindicação. Mas, diria, meu Caro Moab, que o Ver. Cleom Guatimozim, Líder do PDT, e homem que habita esta Casa, como disse, há 1/4 de século, foi extremamente feliz em buscar junto à sociedade porto-alegrense, rio-grandense, o teu nome para lançá-lo – através deste Processo que tenho em mãos, que teve início em 22.11.87 e concluído em 14.12.87 - numa urna secreta, na Mesa deste Plenário, ali na urna secreta, conseguir a unanimidade dos Vereadores, na concessão de título de Cidadão de Porto Alegre, que hoje será entregue.

Foi muito feliz o Vereador Cleom Guatimozim, em fazer com que a Casa, novamente, cumpra com a sua obrigação. E tenho dito, Moab, que a Casa reúne-se diariamente para discutir os problemas, os anseios, os desejos da população porto-alegrense. E faz o possível e quem sabe o impossível, para atender na média, os desejos, os anseios e a necessidade do povo porto-alegrense. Mas, em outro capítulo do Regimento Interno desta Casa, nós temos as homenagens, os títulos e os prêmios. E num momento em que um Vereador da Casa lança o nome de alguém vinculado à Porto Alegre, ao Rio Grande e a este País, lança um nome, através de um Projeto, e consegue a unanimidade do Plenário, pela ciência que temos, como deste Projeto aprovado com teu nome, que estamos cumprindo com a obrigação, nós temos certeza de que este outro capítulo, de um lado, do debate, do discurso e da decisão para a população de Porto Alegre e, de outro, das homenagens, faz com que nós possamos sentir a realização e a complementação do mandato popular que nos foi concedido pela população de Porto Alegre. Então, meu caro Moab, a saudação singela que faço em nome da minha Bancada, do Ver. Raul Casa, do Ver. Zanella, do Ver. Aranha Filho e da Ver.ª Bernadete Vidal, é uma saudação extremamente carinhosa. Nós poderíamos folhear, da primeira à última página do Projeto que te concedeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre e, em cada linha, em cada parágrafo, poderíamos nos deter algum tempo para tirar um ou outro item que justificariam por si só esta homenagem que a Casa do Povo de Porto Alegre realiza neste momento. Porém acho que toda a titulação, desde o teu nascimento, vindo do Dr. Zanelli Caldas e de Maria Cavalcanti Caldas, desde o teu surgimento em nossa terra, vindo de Itapagé, Alagoas, e pela tua trajetória no Exército, na política, tudo, certamente, nós poderíamos reunir, se me permitem, os amigos e amigas de Moab Caldas, na figura líder que representas. Em todos os lugares por onde passaste, lideraste e, acima de tudo, nós temos absoluta certeza – e teus amigos e amigas atestam melhor do que eu – lideraste com muito amor e com muito carinho todas as causas que defendestes até agora. Certamente, irás liderar muitas outras, com este mesmo amor, com este mesmo carinho e com esta mesma fé, fé esta que nos ajuda a remover montanhas, como diz o ditado popular. Portanto, agradeço, penhoradamente, à Liderança da minha Bancada e a todos os companheiros que me acompanham, por terem permitido que eu viesse à tribuna homenagear Moab Caldas. É muito difícil um filho esquecer o momento em que um pai parte. Pois o meu, no dia 1º de maio, partiu, quando, de um lado da cama, estava Moab Caldas orando e, do outro, minha tia, irmã de caridade, que já partiu também, pois, certamente, os Senhores compreendem agora que o carinho e a amizade por Moab Caldas vem de muito longe, porque tive um pai que foi irmão dele de religião e de trabalho, porque, enquanto o Moab esteve como Deputado, o meu pai estava ao lado dele, como funcionário da Assembléia, enfim, um irmão e um amigo, e isso me obriga a vir a esta tribuna abraçar Moab Caldas e reivindicar a representação do meu partido, o PFL. Muito obrigado, meu Líder, e muito obrigado a todos os Senhores que certamente dão aquilo que esta Casa precisava, o atestado da influência, do trabalho, do carisma de Moab Caldas, hoje, muito bem colocado na galeria dos Cidadãos de Porto Alegre, graças à lembrança inteligente do Vereador Cleom Guatimozim, também meu amigo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pedimos ao Dr. Geraldo Gama, representante do Sr. Prefeito Municipal a fazer a entrega do título de Cidadão de Porto Alegre ao ex-Deputado Moab Caldas.

 

(É feita a entrega do Título.) (Palmas.)

 

Solicitamos ao autor da proposição, Ver. Cleom Guatimozim, que faça a entrega da Medalha em homenagem ao ex-Deputado Moab Caldas.

 

(O Sr. Cleom Guatimozim faz a entrega da Medalha.)

 

Agora o momento básico desta tarde, quando nós teremos a oportunidade de ouvir o Homenageado Moab Caldas.

Concedemos-lhe a palavra, ele que nos brindará como sempre faz, tantas vezes, com o seu palavreado bonito e com as suas idéias profundas. (Palmas.)

 

O SR. MOAB CALDAS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, certa vez, Rui Barbosa, no Teatro Politeama, em Salvador, foi homenageado e ficou tão emocionado que não consegui concatenar as idéias, conjugar os verbos, colocar os pronomes, ele que era um mestre do idioma, a “Águia de Haia”, o famoso jurisconsulto do improviso, mas, num repente, ele assim se expressou: meus Senhores e minhas Senhoras... Depois de ouvir aqui, eu insiro o meu vocabulário e as minhas expressões, depois de ouvir a abertura feita pelo Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal, pelo meu padrinho, o emérito Vereador Cleom Guatimozim, e depois de escutar as palavras do meu querido amigo de muito tempo, Ver. Frederico Barbosa, expressando o pensamento de seus Pares, depois de receber o Diploma das mãos do representante do Exmo. Sr. Prefeito Municipal, etc., fechar parênteses, não tenho palavras para começar... (Palmas.) ...mas, recebendo as vibrações de todos vós, eu espremo o coração, transformo a tinta do coração em expressão cultural e começo a falar, dizendo que este é um momento áureo da minha vida, mesmo porque o diploma ratificou, confirmou uma cidadania que é legítima pelo coração, pelo afeto e pelo amor, eu amo essa terra. Foi aqui que eu casei, aqui estão os meus filhos e modestamente a minha vida tem servido de exemplo. Aqui está a minha esposa, estão aqui meus amigos, meus irmãos que me ajudaram a levantar um pouco mais o nome do Rio Grande, especialmente na área espiritualista. Há poucos instantes, recebi um telegrama bonito de uma freira. Está presente aqui o pastor da Assembléia de Deus, veio especialmente aqui participar da solenidade, irmãos de outros credos porque um dos objetivos da nossa vida no plano emocional é aproximar as religiões, uni-las sob a mesma bandeira, a bandeira da luz.

Se hoje os países estão formando blocos, congraçando-se, fortificando seus interesses, por que não fazermos o mesmo em relação às religiões que todas elas pretendem chegar à divindade? Elas têm que começar pelo interior do homem, porque não são as formas exteriores e discursos acadêmicos bem elaborados que vão redimir as criaturas, senão a transformação interior porque ninguém nasceu para ser infeliz e desgraçado, ninguém nasceu mais pobre, todos nasceram com as mesmas possibilidades no campo da igualdade psíquica, mas compete face à memória extraterrestre além da reencarnação. Cada um, de per si, vencer as suas dificuldades, os seus obstáculos e hastear a bandeira da vitória. Quando eu pisei no solo rio-grandense - eu fui trazido por uma família, família do Leopoldo Pinto, cujo nome eu proclamo com muito afeto, com muito sentimento, e uma filha, que esta presente, Dra. Helenita, aqui na minha frente. Quando desci, em 25 de fevereiro de 1939, cais do porto, antes, eu me surpreendi, porque o navio acostou em Rio Grande e, pela primeira vez, eu vi a neve, eu vi a foligem, eu vi o nevoeiro que me envolveu, tanto que saí do camarote, fiquei assustado, pensando que havia fogo. Eu nunca tinha visto, na minha vida, um nevoeiro, tão comum aqui. Quando menino, brincávamos nos areais, à beira da praia, em Alagoas, onde nasci, Salvador, onde me criei. E, como era menino metido a besta, eu enfrentava o mar alto, gingando a jangada de pau cozido, de pau natural, amarrada por um caibro. Ia até bem longe da costa, onde a gente não via mais o casario, mas era comum a gente encontrar cruzamento de vários arco-íris, que iluminaram a minha vida, porque a minha vida não foi uma vida de sombra, se não, de luzes. Saindo de bordo, fui conduzido para uma casa, onde morei quase 2 anos, a casa de uma Senhora chamada D. Georgina Ramos. E a Dra. Dina era uma garotinha, naquela época, de 14 anos. Foi a primeira gauchinha que conheci, desci do bonde e fui-me hospedar na sua casa, e o marido dela está presente aqui, assentado na nossa colenda mesa. Há pouco tempo, voltei à Bahia, onde morreram os meus pais. Estive em Maceió, onde há o Ginásio com o seu nome. Mas, quando eu desci em Salvador, a primeira coisa que fiz, à noite, foi ligar para a Federação Espírita, que meu pai foi um dos fundadores da Federação Espírita de Salvador, para falar com o Sr. Presidente. Quando eu disse o meu nome e que morava no Rio Grande do Sul, era gaúcho honorário, ele se dirigiu a mim com palavras encomiosas e dizendo: "gosto muito do Rio Grande do Sul, um dia irei visitar o Rio Grande do Sul e beber um chimarrão contigo". Eu disse: "Sou filho do Dr. Zanelli Caldas". Ele parou por alguns minutos, e pensei até que o telefone tivesse sido desligado. Ele, com voz opressa, "filho de quem, o Sr. Disse?" "Filho do Dr. Zanelli Caldas". "Mas do Zanelli, velho Zanelli, o nosso Zanelli?" Disse: "sim, o filho mais velho". "Mas que coisa maravilhosa, que beleza para nós, ouvi-lo; onde o Sr. está?" Eu disse o endereço. Ele disse: "vamos fazer o seguinte: amanhã de manhã o Sr. vai vir aqui, às 10 horas, na Federação; quero conhecê-lo pessoalmente." E, no dia seguinte, pela manha, às 10 horas, lá estava, com minha esposa, no sodalício; fui recepcionado pela Diretoria da Federação Espírita do Instituto Kardesista da Bahia. E o Presidente dísse: "Moab, eu estou entendendo uma singularidade. Ocorre que há pouco tempo atrás a nossa Diretoria tomou posse e foi no ato orador oficial Divaldo Pereira Franco. E quando ele estava perorando, falando, com aquela verbosidade que lhe é peculiar, de repente, ele parou e disse assim: "está subindo as escadarias um dos vultos eméritos do passado, o Dr. Zanelli Caldas, que ele não conhecera, nem de fotografia, senão de nome e tradição. Todos ficaram emocionados porque a velha guarda se lembrou, nome muito referido na área nordestina. "Esta subindo o Dr. Zanelli Caldas. Sinto que é ele, com a roupa escura, gravata de seda encorpada, um brilhante na gravata, um brilhante no dedo mínimo e segurando um chapéu de palhinha, sorrindo." Então, o Presidente explicou para a nova geração quem era o Zanelli Caldas. E o Divaldo explicou, colaborando, que ele não conhecera pessoalmente senão através de livros. E o Presidente esclareceu mais: "Nós, naquele momento ficamos cheios de entusiasmo, e julgamos que a presença do teu pai fora para confirmar a nossa Diretoria, para lhe dar força para homologar o ato que estava ali concretado." E continuou: "Mas, quando, ontem à noite, tu explicaste, te identificando filho do Zanelli, é que eu compreendi que na verdade ele estava anunciando a tua presença à nossa casa." E, naquele momento, um velhinho, baixinho, de cor, pediu a palavra, perceptou a oratória do Presidente, e disse: "Estou profundamente emocionado porque sou uma testemunha viva dos tempos em que o Zanelli falava dessa tribuna. Ele trazia sempre, pelas mãos, um gurizinho, magrinho, subindo com ele as escadas e o colocando aqui, ao seu lado, na mesa de honra, para que ouvisse as suas palavras, e sempre dizia que ele seria o seu continuador. E hoje estaá confirmada a tradição que o Zanelli anunciou; essa visita, se materializando, e agora, quem está na mesa de honra é o filho do Zanelli, reconhecidamente um espírito operacional, inclusive com novas metodologias para dar continuação à obra do pai, que se tornou, destarte, imortal."

Em 32, o papai falecia, em Salvador; em 33, a mamãe. Seis filhos menores, que foram dispersos pelo mundo. Momentos antes de desencarnar - questão de 4 horas, no máximo - nos chamou a todos, nos abençoou e disse que ia desencarnar, e que avisássemos à Federação, porque ele ia partir. Disse com tranquilidade, porque nós vivíamos num ambiente de alta pureza, de grande identificação ainda à moda da família antiga e a base fundamental sempre foi o amor e, às 3 horas da madrugada, realmente, desencarnou com a presença da Federação, simplesmente com o sorriso do desprendimento e antes um pouquinho, beijando a mamãe, apertando a mão de cada um de nós, me botou a mão na cabeça e disse: meu filho eu te peço uma coisa que nunca tenhas medo de nada e que continues trabalhando pela nossa causa, pela causa do evangelho de nosso Senhor, não temas nada, continues trabalhando pela nossa doutrina, eu confio em ti, vais continuar a minha obra. E eu jurei que iria continuar, trabalho e labor da terceira revelação. E tudo que eu tenho feito na vida é isto, procurando viver uma vida digna, honesta, mas dar o testemunho ativo, operacional de que o homem pode ser transformado através do evangelho, através da recepção, porque primeiramente ele é animal, ele é instintivo, depois atua na área do raciocínio. Há uma diferença profunda entre o homem biológico, fisiológico e o homem racional. Depois ele ultrapassa o racional, para se tornar intuitivo e após, quando a pessoa ultrapassa a barreira do racional, ele não pode ser mais nem elitista, nem sectarista, porque compreende que a humanidade é uma só e cada um de nós é ativado, reativado nas dimensões correspondentes. A religião universal é o amor com ou sem metodologia, com ou sem rito, porque o importante é que ele sinta no coração, no seu interior, partindo do seu "chragas" a amplidão do infinito. O papai escreveu 5 livros e um deles se intitula Luz Sobre Roma e o prefacio está gravado assim: A minha mãe de quem recebi os primeiros exemplos e ensinos de amor à verdade e aos meus filhos para que lhe sirva de exemplo, consoante a sabedoria pura que se cristaliza no espiritismo. Eu não publiquei ainda nenhum livro, os meus trabalhos redigidos, impressos, Diário de Noticias, antigo Correio do Povo, em vários jornais, especialmente na Zero Hora, agregados dão 25 volumes de mais de 500 folhas cada um.

Mas o importante não são as palavras grafadas, nem tampouco as palavras faladas, o que vale é o  exemplo. "Paradigmo" o meu pai, dizendo que o exemplo da minha vida sirva para os meus filhos que estão aqui presentes, que poderão dizer quando eu partir da terra: meu pai foi um homem pobre, mas foi um homem digno, a sua vida foi dedicada à humanidade, um homem de princípios, que nunca se omitiu, nunca se acobertou, nunca teve medo. Assim, tenho certeza, eles irão transmitir este exemplo para os seus filhos, também, e assim sucessivamente, formando uma geração de pessoas livres, de bons costumes, que possam contribuir para que a nossa sociedade seja melhor. Porque os problemas que se abatem sobre a nossa sociedade, especialmente os campos de miséria, não são provação divina, são falta de orientação administrativa, mais do que isto, de seriedade, porque, quando os governos se instalam e, sem corrupção, trabalham com dignidade, sem subversões, sem badernas, com disciplina, o panorama da miséria desaparece. (Palmas.)

Tanto que a questão não é tanto de siglas, a questão é de vergonha. Muitas coisas que estão ocorrendo por aí é falta de vergonha. (Palmas.)

Quando fui cassado, pertencia a uma sigla, foi um golpe que recebi na minha vida, material, apenas, que não me abateu, a não ser naquele instante. Pois um homem de oposição, um homem de oposição à minha sigla, um homem do governo, e digo agora publicamente, Coronel Pedro Américo Leal, escreveu um documento para o Presidente Médici, protestando contra a minha cassação, quer dizer, era oposição, mas colocou acima do partido, porque ele tem nobreza de coração. Evidentemente que eu não vou falar a meu respeito, mas devo dizer com toda sinceridade que não me tornei um revoltado. E não foi apenas pela minha formação espiritual que eu não fiquei revoltado, foi porque eu recebi muitos auxílios, muitos socorros. E, num determinado momento da minha vida, por sinal perigoso, porque eu era magrinho, não tinha a cabeça branca, tinha um papo fino, metido a galã, naquele momento, eu podia ter me perturbado, porque tinha feito um concurso na Justiça, estava ganhando bem, tinha comprado o meu primeiro carro. E eu, nordestino, gostando de um rabo de saia, olhava para as mulheres com um olhar cobiçoso, podia ter me afundado, porque a mulher, ou coloca o homem no paraíso ou no inferno. Mas, naquele momento, uma moça bonita, que fora rainha de Pelotas, se apiedou de mim, olhou para mim e estendeu sua mão - a minha esposa. E essa pessoa é o meu apoio, o meu ponto de equilíbrio.

Sinto-me imensamente feliz, porque já sou desta terra, eu ouvia falar, lá no Nordeste, do Rio Grande, como se fosse uma miragem. Eu aprendera lá, por exemplo, que certa ocasião houve um movimento de rebelião contra o Governo Central, chefiado por homens livres, dignos e de bons costumes, o Comandante das tropas se chamou: General Bento Gonçalves. Eu ouvira o nome histórico deste personagem e visitei o Forte São Marcelo, em Salvador, onde ele esteve aprisionado. Depois eu estive nas suas praias, no seu interior tão bonito, que vou rever agora, porque uma filha minha mora em Florianópolis. Me diziam, desde aquele instante, quando ele fugiu do Forte São Marcelo, foi trazido numa embarcação de portugueses, escondido atrás de um saco de farinha, porque ele pertencia a uma comunidade secreta, comunidade secreta universal que o raptou, colocando em terra e liberdade. Pois ele veio com roupa esfarrapada, chegou em Santa Catarina e parou e pediu pousada em uma fazenda. A dona da fazenda então explicou: meu marido foi para a guerra e morreu, os meus filhos foram para a guerra e morreram. Eu sou apenas cuidada por meu neto e por alguns empregados. E, quando o sol rebrilhou no horizonte na manhã seguinte, ele olhou para o pasto e viu um cavalo bonito e disse: que cavalo lindo! Eu gostaria que a senhora me vendesse ou me emprestasse esse cavalo, para que com ele conseguisse chegar novamente à terra gloriosa do Rio Grande. E a mulher disse: pois é, eu gostei muito do Senhor, achei o Senhor muito simpático do tipo que me impressionou, mas, meu Senhor, eu não posso - ela não falava assim. Falava com voz de mulher e com voz cantada do povo de Santa Catarina - pois é uma promessa que eu fiz. Eu tinha até vontade de lhe emprestar o cavalo, mas eu jurei que esse cavalo eu só emprestaria e até daria mesmo ao General Bento Gonçalves. Então, ele se identificou: pois o General Bento Gonçalves sou eu. Ela começou a chorar e lhe entregou o Pingo e, com ele, ele entrou novamente nas terras pampianas de grande tradição. Estas coisas eu ouvia falar desde menino. Quis a mão do destino me conduzir aqui para o Rio Grande. Grande em tudo: na riqueza material e na riqueza espiritual. O Guatimozim disse muito bem sobre o Rio Grande no seu prelúdio. É uma terra maravilhosa, dá tudo aqui. Se alguns casos ocorrem, espaçadamente, que não servem como marcação, mas, na verdade, o exemplo do gaúcho serve, não apenas à nacionalidade, senão à internacionalidade, porque acredito, de todo o coração, que está se formando nos quadrantes da nossa terra uma nova civilização, a civilização do terceiro milênio, a civilização do Aquário, e o Rio Grande está centrado nessa civilização, não apenas pela colocação do trópico, senão pelo vértice, pelo feixe que passa de Quéops por aqui, mas pela alma libertária deste povo de tradições incomensuráveis! Quando menino, mocinho, com 17 anos, eu era convidado a sentar praça na Brigada Militar do Estado, onde fui Sargento; depois dei baixa e fui trabalhar no Tribunal de Justiça, etc. Quando eu era mocinho, com 18 anos, participei da fundação de um Centro Espírita em Porto Alegre, o Ateneu Espiríta Cruzeiro do Sul. Escrevia no jornal Reencarnação, na Federação Espírita com o pseudônimo do meu pai, e quando comecei a freqüentar, propriamente, o Ateneu Espírita Cruzeiro do Sul, constatei que era um Centro da grã-finagem, dirigido pelo inesquecível Inácio Cerqueira Leite, sendo visitado, também, pelo irmão Simões de Matos. E todo o mundo me olhava com estranheza: "este soldado da Brigada aqui neste meio, neste ambiente!..." E uma mulher rica, bonita, aloirada, se aproximou de mim e disse: "Olha, eu gostei muito da tua cara, da tua vozinha de baiano. Vai almoçar comigo amanhã, na minha casa, quero conversar contigo." Eu fiquei constrangido, mas como eu causara impacto no ambiente por ser soldado - era um ambiente de grã-finagem - ela fora designada, por várias pessoas, para fazer uma investigação a respeito da minha vida, e eu fui almoçar na casa dela. Ela me quis bem e se tornou minha mãe, e sabem o que aconteceu? Hoje, passados tantos anos, a filha dela é minha irmã, a Dra. Angélica, que está presente aqui, com o Cel. Jairo do Exército, seu esposo. Então, essas coisas marcam a nossa alma e tornam indeléveis esses fatos inamovíveis, que nos projetam para o futuro. Enfim, eu comecei dizendo que este era um dia de festa para mim, para minha alma, para meu coração, para minha vida. Não desejo falar mais sobre traços autobiográficos, porque não fica bem. Mas saibam os irmãos de uma coisa: enquanto eu viver, eu serei o que fui e o que sou, quer dizer, a bandeira espiritual eu não a baixarei jamais. Gritarei: “Lê jour de gloire est arrivé.” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhores e Senhoras, nós tínhamos a certeza de que seríamos brindados de uma maneira gloriosa por este grande espiritualista, por este grande tribuno, ex-Deputado Moab Caldas. Todo mundo já esperava por este momento e sabia do quanto o Moab era capaz de nos dar, lá daquela tribuna. Aias, ele é daquelas pessoas que, sem falar nada, consegue transmitir muito. Mas, quando ele coloca para fora todo o seu cabedal de sabedoria, tudo aquilo que ele realmente sabe, é magnífico. É, realmente, muito bom. Eu quero saudar, aqui, o Cel. Pedro Américo Leal, que muito nos honra com a sua visita.

Quero, também, saudar o meu companheiro, meu amigo, Ver. Cleom Guatimozim, que teve esta idéia brilhante, de oferecer o Título ao nosso amigo Moab Caldas, um dos Títulos que fez com que esta Casa se dignificasse com a presença do Moab, com a presença dos seus amigos, e com o momento em que nós estamos vivendo.

Moab, há milênios atrás, um filósofo, chamado Sócrates, revolucionava o mundo inteiro dizendo: "Conheça-te a ti mesmo." E a revolução desta nova filosofia imposta por Sócrates foi difícil de ser seguida, muito difícil, porque como é difícil se conhecer, dar este mergulho no nosso interior e saber realmente quem nós somos! Mas o Moab, com muita facilidade, com muita habilidade, consegue seguir esta filosofia socrática e dá este mergulho no seu interior e conhece com perfeição cada milímetro do seu ser. E, por conhecer muito bem a si mesmo, é que ele pode fazer esta analise perfeita que ele sempre faz do mundo. E ele não fica só na superfície, vai lá, realmente, na profundidade, vai buscar os conhecimentos onde eles estiverem. E não é egoísta, não guarda estes conhecimentos para ele. Ele faz com que todos nós possamos partilhar destes conhecimentos. Eu digo a você, Moab, que a maior felicidade de todos nós - e eu me incluo entre todas as pessoas, inclusive muitos que aqui não estão, a gente conhece centenas, milhares de amigos que gostariam de estar aqui e que, impedidos por algum motivo pessoal, não puderam estar presentes - a maior felicidade nossa é podermos ser seu amigo, é podermos beber um pouquinho nesta fonte de sabedoria que é Moab Caldas. Esta Casa se sente, hoje, numa tarde-noite de gala, se sente honrada em ter oferecido aqui um Título que representa tanto para a nossa sociedade, como é este título que foi votado aqui na Câmara Municipal de Porto Alegre, de Cidadão de Porto Alegre, a este grande cidadão, que é um cidadão do mundo inteiro, porque qualquer cidade do mundo gostaria de homenageá-lo assim, o ex-Deputado, nosso grande amigo, Moab Caldas. Um grande abraço, Moab, e que você continue sempre assim. (Palmas.)

Nada mais havendo a tratar, damos por encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h25min.)

 

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